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Robert Crumb

 

Robert Crumb é um dos mais importantes desenhadores de BD americanos do século XX, e um dos fundadores do movimento da contra-cultura underground comix. As primeiras histórias de Crumb surgem no início dos anos 60 do século XX, mas ele tornou-se famoso a partir de 1968 com a criação da revista Zap Comix, cujo primeiro número desenhou integralmente. Crumb, ele mesmo, editou e imprimiu a publicação, que vendia nas ruas da conturbada São Francisco, junto com a mulher grávida empurrando um carrinho de bebé com uma pilha de revistas. Apesar da precária qualidade, a publicação foi um sucesso e tornou-se a referência das publicações underground.

Com um desenho deliberadamente sujo e feio, as histórias tinham um humor corrosivo e uma crítica social feroz que estavam de acordo com os movimentos sociais de contestação que atravessavam a América dos anos 60. Anti-religioso e anti-clerical, anti-social, anti-moralista, anti-militarista, provocador, mal-educado, cínico e sarcástico, as histórias verrucosas de Crumb não deixavam nada de pé nas instituições da sociedade tradicional americana, nenhum tabu se interpunha à sua crítica e ao seu humor, que da mesma forma ridicularizava os movimentos de contestação ou os personagens caricatos da geração freak. São desse período as primeiras aparições do guru freak Mr. Natural ou o lascivo Fritz the Cat (que haveria de gerar um filme de animação em 1972); personagens devassas que abusavam do LSD e da marijuana.

No início dos anos 70 começa a trabalhar com Harvey Pekar, que é o argumentista de algumas das suas histórias, ou na série de Pekar, American Splendor. Ainda em 1968, tornou-se famosa a ilustração da capa do álbum de Janis Joplin, Cheap Thrills. Outros trabalhos famosos são a peculiar adaptação do Livro do Génesis ou o Mr. Natural, a figura negra feminina estereotipada de Angelfood McSpade, ou a adaptação de obras de Kafka, Bukowski ou Philip K. Dick; mas a prolífera produção de Robert Crumb estende-se a uma infinidade de colaborações e publicações que vão até aos setenta anos, quando abandonou a actividade.

Melómano e coleccionador de discos, Robert Crumb era um profundo conhecedor da música da América, do folk ao country e ao blues, e músico amador, sendo o líder, vocalista, compositor e banjoísta da banda R. Crumb & His Cheap Suit Serenaders, entre outras formações mais ou menos amadoras.

Curiosamente, apesar da rebeldia como autor e desenhador, ele é um tradicionalista em música, e um fanático do Jazz antigo. Curiosamente também, mesmo que pela sua vasta obra perpasse a música, ela é normalmente o rock (que é a música dos seus personagens freak), e não lhe conheço (embora admita que existam) histórias onde de alguma forma se refira ao Jazz.

O álbum R. Crumb´s Heroes of Blues, Jazz & Country, não é uma banda desenhada, mas uma reunião de cartoons onde retrata alguns dos seus heróis musicais, entre os quais Jelly Roll Morton, Bennie Moten, Bix Beiderbecke, Coleman Hawkins, Armstrong, Lil Hardin, King Oliver, Pops Foster, Jack Teagarden, Earl Hines, Duke Ellington e Sidney Bechet, Fats Waller, e a Mary Lou Williams que se expõe. O livro inclui ainda um CD com música seleccionada por Robert Crumb.

Mr. Crumb, pessoalmente, simpaticamente autorizou a exibição do cartoon da pianista Mary Lou Williams.

 

R. Crumb´s Heroes of Blues, Jazz & Country, p. 145, Robert Crumb, 2006
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